Recentemente, a Association of Certified Fraud Examiners (ACFE) publicou em seu blog um artigo com informações sobre a implementação e o uso do Canal de Denúncias em empresas europeias e internacionais. Maior organização antifraude do mundo, a ACFE fez suas conclusões com base em um estudo que envolveu 200 empresas, autoridades e outras organizações que utilizam sistemas para o registro de denúncias e irregularidades.
Durante o ano de 2017, com a exposição de desvios de conduta relevantes e maior incidência de prejuízos, nos países europeus houve um progressivo reconhecimento da importância das denúncias como forma de descobrir, investigar e tratar irregularidades no ambiente corporativo. Como consequência, muitos países entenderam a necessidade de proteger seus denunciantes, criando legislações específicas para o resguardo dos mesmos.
Tal evolução na mentalidade para com denúncias e denunciantes foi igualmente observada no cenário brasileiro. De acordo com o estudo de 10 anos de Canal de Denúncias, realizado pela ICTS Outsourcing, houve aumento considerável no volume, relevância e utilidade dos Canais de Denúncias no Brasil. A partir de 2009, com o início da Operação Lava Jato e em 2014, com a aprovação e implementação da Lei Anticorrupção, os Canais de Denúncias passaram a ser parte integrante dos programas de Compliance e, assim, vistos como fundamentais para a efetividade no combate à corrupção.
Alguns tópicos-chave destacam-se no estudo europeu:
As organizações participantes do estudo europeu relataram um maior recebimento de denúncias em 2017 quando comparado aos anos anteriores. As estatísticas mostraram que, em média, as empresas receberam 1 relato por ano para cada grupo de 400 colaboradores – o equivalente a 0,2 relatos/mês para cada grupo de mil funcionários.
Com a popularização do Canal de Denúncias, mais empresas ampliaram o acesso ao canal e, agora, incluíram grupos externos – como fornecedores e clientes.
No Brasil, o movimento em prol do Canal de Denúncias mostra-se estabelecido há mais tempo. Este instrumento já é aceito e bem visto nas organizações brasileiras e/ou que operam no Brasil, o que fica claro na comparação das estatísticas de utilização do Canal: no Brasil observa-se uma média de 3,5 relatos para cada grupo de mil funcionários – 17 vezes maior do que os 0,2 relatos/mês observados na Europa.
Além da predominância da participação de colaboradores no registro das denúncias brasileiras, o público externo teve aumento em sua parcela de contribuição. Em 10 anos de estatísticas levantadas pela ICTS, clientes e fornecedores mostraram-se mais participativos. Clientes foram os responsáveis por 7,1% das denúncias; somente em 2017, o percentual avançou para 8,4%. Já os fornecedores tiveram a parcela de 4,5% dos relatos em 10 anos; somente em 2017, essa parcela avançou para 5,9%.
Sobre a origem dos registros, a avaliação europeia chegou à conclusão de que cerca de 90% das denúncias foram feitas por meio de registros eletrônicos (website, formulários eletrônicos ou e-mail). Com o número cada vez maior de smartphones com acesso à internet, a facilidade em denunciar via web parece substituir a preferência anterior, pelas linhas telefônicas. Após a implementação da GDPR – Regulamento Geral Sobre a Proteção de Dados –, os denunciantes sentem-se ainda mais seguros em fazer seus relatos on-line.
No Brasil, este número correspondeu à 55% das denúncias feitas ao longo de 10 anos dentro dos canais operados pela ICTS Outsourcing. Já os registros realizados por voz foram os responsáveis por 40% das denúncias, mostrando que, apesar do avanço tecnológico, nosso país ainda segue valorizando a abordagem direta e pessoal. Quando corretamente operadas, as linhas telefônicas maximizam a velocidade e efetividade dos processos de apuração das denúncias, já que oferecem maior riqueza na interação com os denunciantes.
Disponibilizar um canal acessível para denúncias não é sinônimo de receber mensagens irrelevantes, relatos feitos com má fé ou outras reações negativas dos funcionários. Muito pelo contrário: as organizações europeias pesquisadas indicaram que, sem o Canal de Denúncias, as informações levantadas seriam muito difíceis de serem obtidas de outras maneiras.
Ainda que as diferenças culturais e legislativas sejam latentes entre Brasil x Europa, existe um senso comum. Nos estudos da ICTS Outsourcing foi possível obter uma visão clara sobre a importância da especialização dos profissionais que atuam na triagem e qualificação das denúncias. Em 10 anos, quase 1/3 do total de denúncias foram classificadas como “não-qualificadas”. É a triagem especializada que permite a redução do ruído sobre as informações registradas no canal, direcionando os esforços das empresas para os relatos que, de fato, possuem os atributos necessários para serem averiguadas.
E a sua empresa, já possui um Canal de Denúncias corretamente estruturado? Deixe o seu comentário ou entre em contato com os nossos especialistas.
Colaboradores são os principais responsáveis pelos registros de denúncias, mas a participação do público externo vem crescendo.
Conheça algumas das boas práticas para apuração dos principais tipos de denúncias recebidas num Canal.
O anonimato é um elemento essencial para proteger as fontes de informação do Canal de Denúncias.
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