Nos últimos anos, é possível observar um fenômeno importante nas empresas: o aumento significativo das denúncias nos canais de relatos corporativos.
Houve aumento de mais 84% nos relatos mensais por 1 mil colaboradores, apenas nos últimos 5 anos. Junto a isso, o número absoluto de pessoas que optaram por realizar esse relato de modo identificado permaneceu praticamente inalterado, perto da casa dos 40%.
Quais são os motivos que podem ter mantido essa porcentagem, mesmo com um aumento de 30% na utilização do canal entre 2021 e 2022? Quais seriam as principais razões para pessoas abrirem mão do anonimato?
Aumento da confiança nos instrumentos de relato e apuração dos casos
O ato representa confiança de que o processo de recebimento e apuração do relato é justo. A realidade é que, por muito tempo, o medo, a vergonha e a sensação de impotência impediram que situações fossem expostas: casos de favorecimento ilícito, assédios morais e sexuais, desvios de conduta. Tais situações promoviam um ambiente antiético, tóxico e expunham colaboradores a diferentes tipos de doenças e sofrimento. No entanto, com a evolução dos canais de relatos, essa realidade começou a mudar.
O aumento de relatos não significa, necessariamente, o aumento de ilegalidades e desvios éticos, e sim que pode ter ocorrido um aumento no grau de confiança nos instrumentos éticos disponíveis. Afinal, ao expor as práticas irregulares, é possível colocar um ponto final em comportamentos danosos e promover uma cultura organizacional mais saudável.
Processo de transformação cultural
Cultura organizacional pode ser compreendida como um conjunto de valores e instrumentos (como normas e práticas) que definem a identidade de uma organização. Ela influencia diretamente a forma como os colaboradores tomam decisão e como o mercado vê a companhia: afinal, toda empresa nasce já definindo quais são seus pilares culturais por meio dos seus fundadores.
Quando falamos de um processo de transformação cultural nos referimos, inicialmente, a dois pilares:
- A mobilização da sociedade civil exigindo que empresas tenham condutas mais inclusivas, justas e de desenvolvimento sustentável;
- O aumento da relevância da agenda ESG e Compliance, promovido pela observação de resultados oriundos de escândalos reputacionais, financeiros e sociais.
Profissionalização dos setores de compliance
Um programa de compliance bem estruturado inclui, por exemplo, atividades de treinamento e conscientização para os funcionários, informando-os sobre as políticas e procedimentos da empresa, bem como sobre a importância de relatar violações.
- Ao aumentar o conhecimento dos colaboradores sobre questões éticas e incentivar a comunicação aberta, torna-se propício que eles denunciem atividades suspeitas.
A criação de um ambiente seguro é essencial. A profissionalização do compliance envolve a preocupação na contratação de canais de denúncia seguros e confidenciais, nos quais os funcionários possam relatar preocupações sem medo de retaliação. Garantir a proteção dos denunciantes é fundamental para encorajar mais pessoas a se manifestarem e compartilharem informações relevantes.
Abrindo mão do anonimato: qual a perspectiva?
O aumento das denúncias de assédio nos canais corporativos e a confiança nas apurações justas são sinais de que estamos caminhando na direção certa. Essa coragem das vítimas e a postura das empresas em lidar com as denúncias são fundamentais para a construção de um futuro em que o assédio seja apenas uma lembrança distante. Juntos, podemos criar um ambiente de trabalho seguro e acolhedor para todos.
Esse material foi produzido pelo time de Pesquisa e Desenvolvimento da Aliant.
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